domingo, 28 de junho de 2009

A Unidade da Floresta Amazônica

Imagem retirada do site:rogeliocasado.blogspot.com


Essa macrounidade agroambiental abrangia originalmente uma extensão de 3,5 milhões de km²; atualmente, com cerca de 15% das terras florestais convertidas em pastagens e agricultura comercial, há 3 milhões de km² cobertos por florestas contínuas. Nesse imenso território, que corresponde a praticamente 40% do país, as condições ambientais são muito próximas das naturais em sua maior extensão. Prevalece a biodiversidade vegetal e animal, os recursos hídricos estão preservados, mantendo-se em boa qualidade, assim também a diversidade da fauna aquática. A par disso, os recursos minerais são explorados em pontos restritos e a agricultura comercial é pouco significativa, havendo pequenos núcleos nos quais se desenvolvem cidades ribeirinhas tradicionais e a população rural. Esta se dedica à pesca, caça e agricultura de subsistência.
A vasta região da maior floresta tropical contínua encontra-se ameaçada, nacional e internacionalmente, por dois tipos diferentes de riscos. Há uma ameaça contínua da expansão dos especuladores nacionais, que se embrenham na floresta em busca de riquezas mais acessíveis para eles como as madeiras nobres de valor industrial, e que se atiram às atividades garimpeiras para conseguir diamante e cassiterita. Para apossar-se dessas riquezas, um “exército de homens”, dominantemente rudes, pobres e desprovidos de maiores qualificações profissionais, enveredam-se pelas matas e rios a fim de garimpar ou derrubar a mata. Esses homens, que vivem em condições difíceis, muitas vezes miseráveis e promíscuas, submetem-se à exploração humana e freqüentemente, encontram a morte prematura em decorrência de doenças ou acidentes diversos. São pessoas que geralmente migram da região Nordeste para as frentes de ocupação, almejando melhores condições de vida, mas que, por falta de alternativas, se transformam em indivíduos à margem da sociedade.
Ao lado desse cenário, desenvolvem-se outros que se configuram em verdadeiras “ilhas de ocupação” na floresta, caracterizando-se por excelentes condições de vida e uma dinâmica econômica própria onde existe abundancia. Trata-se das áreas onde funcionam as empresas mineradoras voltadas para a exportação, como é o caso de Carajás, com minério de ferro, e Oriximiná, com a bauxita, ambas no Estado do Pará. Desenvolvem-se grandes cidades com marcas de modernidade e pujança, como ocorre com Belém, e sua longa história de pólo regional, e Santarém. Manaus, após a criação da “zona livre de alguns tributos”, rapidamente se tornou uma megacidade com forte concentração industrial de eletroeletrônicos. Depara-se ali com um turbilhão de mercadorias e pessoas numa cidade dinâmica, rica e rodeada de florestas e rios.
Outra ameaça para os espaços vazios da Amazônia brasileira vem de fora do país. O Brasil pouco povoado da chamada Amazônia Legal, com apenas 20 milhões de pessoas e mais da metade do território nacional, não pode ser tratado com descuido geopolítico. Afinal, a abundância de terras, recursos minerais, biodiversidade de flora e fauna e o maior manancial de água doce do interior do continente no planeta necessitam de mais do que programas de proteção da floresta tropical, ou de sistemas de vigilância ultra-sofisticados, que, sem dúvida, são absolutamente necessários, mas não suficientes. Requer-se a aplicação de políticas públicas de atuação permanente, promotora de desenvolvimento econômico e social com sustentabilidade ambiental. Há sem dúvida, uma intervenção internacional nada disfarçada e com claras manifestações de dominação, que se expressa pelas organizações ambientalistas não governamentais internacionais, organismos internacionais de fomento, intelectuais de renome internacional, a mídia de influência internacional, entre outros, que se encarregam de transmitir ao mundo a idéia de que o Brasil é um país que não sabe cuidar de seu território e do patrimônio ambiental. Essa prática freqüente logra convencer a opinião pública mundial, trazendo risco para o futuro da soberania nacional. São preocupantes as intervenções externas, em nome da preservação ambiental e de uma melhor qualidade de vida para a humanidade, no que diz respeito a um território vasto, escassamente ocupado e com políticas públicas regionais pouco eficientes.
REFERÊNCIAS

ROSS, Jurandyr Luciano Sanches. Ecogeografia do Brasil: subsídios para planejamento ambiental. 1ª edição, São Paulo-SP, Oficina de textos, 2006.

Post de Fernando Botelho

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